quarta-feira, maio 31, 2006

Gabeira e Renan batem boca sobre sanguessugas




O Globo
31/5/2006

Um bate-boca entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) pôs fim ontem a uma sessão conjunta do Congresso. O motivo do desentendimento foi a cobrança feita pelo grupo de deputados que apóia a criação de uma CPI para investigar a máfia dos sanguessugas, que atuava na compra superfaturada de ambulâncias. Eles já reuniram assinaturas suficientes e caberia a Renan instalar a CPI.

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) cobrou explicação ao senador, que presidia a sessão. Renan alegou que havia um erro na relação de assinaturas recolhidas por eles. Ao ouvir, em seguida, que os deputados teriam o prazo de cinco dias para apresentarem novo pedido de CPI, com novas assinaturas, Gabeira reagiu com dedo em riste.

—- Devia ter escrúpulo de usar um artifício regimental que vai direto em seu partido. Foi o líder do PMDB quem indicou a Penha (Maria da Penha Lino) para o Ministério da Saúde — disse, se referindo à funcionária que atuava para a quadrilha que fraudava licitações.

Em seguida, Gabeira fez novos ataques a Renan:

— Ao usar um artifício desses para evitar uma CPI, Vossa Excelência está passando o trator por cima da minoria, e pode esperar muitos coquetéis molotov, que é a forma de a minoria se defender — disse Gabeira, que acusou Renan de defender o PMDB num "ato de solidariedade com essa quadrilha".

No mensalão, mulher de Janene tem bens bloqueados

Renan se defendeu afirmando que sempre apoiou instalação de CPIs para investigar denúncias de irregularidades. Irritado, e também com o dedo em riste apontado para o deputado, Renan anunciou o fim da sessão.

Em outro escândalo, o do mensalão, a 2 Vara Criminal Federal de Curitiba determinou o bloqueio dos bens da mulher, Stahel Fernanda, e de dois assessores do deputado José Janene (PP-PR), que depõe hoje na Comissão de Ética da Câmara. Ele é o único entre os 19 acusados de se beneficiar do mensalão que ainda não foi julgado.