sexta-feira, dezembro 30, 2005

CLÓVIS ROSSI Emprego e embuste

foha
SÃO PAULO - A mediocridade do atual governo e, mais amplamente, do debate político ficam evidentes na questão do emprego. O PT festeja o fato de ter criado mais empregos do que o PSDB quando governo. O PSDB foge desse debate.
Para a imensa maioria que não é nem PT nem PSDB, trata-se de um embuste. O governo do PSDB não é paradigma para quase nada, muito menos para o emprego.
A pergunta correta a fazer é esta: quantos empregos seria preciso criar para cobrir as necessidades da pátria? Um certo Luiz Inácio Lula da Silva quantificou, em 2002, quando ainda falava coisa com coisa, em 10 milhões no período presidencial que estava por inaugurar-se (ou seja, de 2003 a 2006). Dá, portanto, 2,5 milhões por ano.
Quantos empregos foram criados no governo Lula até agora? Pelas contas do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), 2,078 milhões -ou quase 700 mil, em média, anualmente, ou 28% do que seria necessário.
Ora, festejar como êxito um resultado tão pífio é uma confissão pública de mediocridade, assim como o PSDB não poder nem mesmo contestar a mediocridade é confissão pública de fracasso.
Ainda de acordo com o Iedi, que faz cuidadoso trabalho de análise do desempenho econômico do país, nos três anos do governo Lula, "o rendimento médio real habitualmente recebido pelas pessoas ocupadas recuou 11,2%, perfazendo uma queda anual média de 3,7%".
Resumo do embuste: criam-se muito menos empregos do que o necessário e, ainda por cima, o salário, que já é historicamente baixo, torna-se ainda mais reduzido.
Só para introduzir outro paradigma: também em três anos (a partir de abril de 2002, pico da crise), a Argentina criou 2,5 milhões de novos postos de trabalho. Mais que o Brasil de Lula, portanto, embora sua população seja um quarto da brasileira. E foi depois da moratória.