segunda-feira, maio 30, 2005

DISPUTA PELO CONTROLE

 Depois do naufrágio de seus esforços para impedir a instalação da CPI dos Correios, o governo parece ter tomado consciência de que novas táticas para bloquear a investigação parlamentar estão fadadas ao insucesso. É provável que a base governista procure, mesmo assim, criar o máximo de dificuldade possível, com o intuito de ganhar tempo até o recesso parlamentar de julho. Nessa hipótese, a CPI seria instalada no segundo semestre, oferecendo ao Planalto uma oportunidade de "esfriar" o assunto.
Essa estratégia lembra a utilizada em relação à CPI dos Bingos, que terminou por ser objeto de um recurso ao STF (Supremo Tribunal Federal). No entanto, o presidente do Senado, Renan Calheiros, já emitiu sinais claros de que não repetirá os atos de seu antecessor, José Sarney, que naquela ocasião preferiu se omitir nas indicações de parlamentares.
Enquanto deflagra uma operação de caça às bruxas, para pressionar e punir seus rebeldes, o governo petista deve concentrar-se na tentativa de indicar o relator da CPI. A comissão será composta por 32 membros -19 da situação e 13 da oposição. A presidência caberia às legendas governistas e a relatoria às agremiações oposicionistas. O grupo formado por PFL e PSDB já sugeriu um nome para a função -o senador César Borges (PFL-BA). Mas o que se apurou das conversas entabuladas ontem, após a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de sua visita à Ásia, indica que o governo insistirá em seu intuito de controlar a relatoria.
Caso venha a obter o que pretende, o Planalto ganharia mais margem de manobra para circunscrever a CPI e suas conclusões aos aspectos que considera convenientes, evitando desdobramentos indesejáveis. A dinâmica dessas comissões, porém, nem sempre segue um roteiro prévio, que possa ser inteiramente controlado pelos que a dirigem.
O que o país espera e precisa é que o inquérito seja conduzido com seriedade e que os fatos venham a ser esclarecidos, sem tergiversações e acordos espúrios de bastidores.
folha de s paulo editorial

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