sábado, janeiro 25, 2014
Cláudio Humberto
Demétrio Magnoli De Damasco a Kiev
Ruy Fabiano: Lula em cena
Pontos fracos e fortes Miriam Leitão
GILLES LAPOUGE A EUROPA ILUDIDA
TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
Celso Ming
sexta-feira, janeiro 24, 2014
FHC diz que não há elo do cartel com o PSDB
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, atualmente presidente de honra do PSDB, disse nesta quinta-feira, 23, que o cartel na área do metrô e trens metropolitanos de São Paulo tem de ser investigado, mas acrescentou que não viu, até agora, nada que indique qualquer indício de pagamento
"Se trata de suborno, parece óbvio, de funcionários. Agora, qual o elo disso com o governador ou com o partido? Eu não vi. Nem indício", afirmou o ex-presidente em entrevista ao blog do jornalista Josias de Souza.
A afirmação do ex-presidente ocorre no momento em que três auxiliares do governador Geraldo Alckmin (PSDB) têm seus nomes envolvidos em investigações sobre cartel. São eles o secretário da Casa Civil, Edson Aparecido (PSDB), o da Energia, José Aníbal (PSDB), o de Desenvolvimento, Rodrigo Garcia (este do DEM). Todos negam taxativamente qualquer envolvimento com o cartel.
O inquérito que apura a ação combinada das empresas para a obtenção de contratos a preços superfaturados e as suspeitas de pagamento de propina está hoje no Supremo Tribunal Federal, pois os três secretários de Alckmin citados são deputados federais licenciados e têm, por causa disso, direito a foro especial.
As investigações começaram em 2008, a partir de contratos de energia do governo paulista com a multinacional francesa Alstom. Ministro da Secretaria de Comunicação do segundo mandato de FHC no Palácio do Planalto, Andrea Matarazzo é um dos 11 indiciados por causa de suspeitas em contratos com a Alstom. Hoje vereador do PSDB na capital do Estado, ele foi secretário de Energia na gestão do ex-governador tucano Mário Covas.
O inquérito quer investigava os contratos de energia acabou desmembrado a fim de que os contratos de trens e metrô fossem investigados. É essa parte da investigação que cita os secretários de Alckmin e está no STF.
No que se refere aos contratos de trens e metrô, há seis indiciados, entre eles ex-dirigentes da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Os políticos, porém, não estão na lista de indiciamento. O Supremo precisa dar uma autorização para que sejam investigados.
'Não apareceu'. "É corrupção, é condenável", disse FHC, que insistiu: "Só que não foi no PSDB. Não apareceu. Pelo menos até hoje não há nenhum dado que diga que esse dinheiro foi usado pelo PSDB". O ex-presidente ponderou que o partido "tem que explicar isso", mas questionou: "Qual o indício de que esse recurso realmente foi dado?"
Segundo o ex-presidente, "cartel houve, são cinco empresas no mundo e elas cartelizam sempre". Mas bateu sempre na mesma tecla: "Subornar, podem ter subornado. Mas subornaram quem? Funcionários, pessoas nomeadas, pode até ser, mas não foi pelo partido, pelo governador. Aí é diferente."
É a segunda vez que FHC afirma, de público, que o PSDB não está envolvido nesse episódio. No início de agosto de 2013, quando o caso começava a ganhar destaque, ele disse que era "preciso tomar cuidado (ao se fazer denúncias)", porque "há muita agitação e pouca coisa".
Nessa linha, ele acrescentou ontem que "está havendo muita manipulação política". Principal delator do cartel, o ex-diretor da empresa alemã Siemens Everton Rheinheimer chegou a pedir emprego e proteção para o integrantes do PT
quarta-feira, janeiro 22, 2014
Entre juros e inflação - MIRIAM LEITÃO
Três empresários entrevistados pela coluna não tiveram dúvidas ao responder o que é pior: juros altos ou inflação? Todos acham que, para o setor produtivo, o que mais atrapalha é a inflação, que aumenta o custo das empresas. Por isso, entendem a necessidade de o Banco Central subir a Selic. O problema, dizem, é que também é preciso que o governo corte gastos e faça reformas. Isso não tem acontecido.
Há algumas diferenças entre a visão do empresariado e a do sistema financeiro sobre a economia brasileira. O pessimismo ficou maior nos bancos e nas consultorias; já o empresário, embora reconheça um cenário mais difícil, tenta manter a expectativa de que o futuro vai ser melhor e cita as baixas taxas de desemprego e o consumo forte.
— O Brasil não estava nem tão bem quanto muitos achavam em 2010 nem está tão mal agora. Nosso faturamento continua crescendo a taxas de dois dígitos. O natal veio abaixo do esperado, mas houve o black friday pouco tempo antes e as liquidações de janeiro foram boas — avalia o presidente da Positivo Informática, Hélio Bruck Rotenberg.
— Para a nossa indústria, 2013 não foi um desastre. Não foi um ano excelente, mas foi um bom ano, lançamos 180 produtos novos, o plano de investimentos foi mantido e o Brasil continua sendo o segundo maior mercado da nossa empresa no mundo — disse João Carlos Brega, CEO da Whrilpool Latin America.
Quem destoa desse cenário é o diretor-secretário da Abimaq, Carlos Pastoriza. Ele explica que a alta dos investimentos medida pelo IBGE — 9,6% de janeiro a novembro — não reflete a situação do setor de máquinas porque é a produção de caminhões que tem puxado o indicador para cima. Ele explica que o segmento de máquinas-ferramenta acumula queda de 50% em cinco anos, e que apenas as máquinas agrícolas estão com
vendas aquecidas.
— Nosso setor teve qu 3,4% em 2012 e de 5% em 2013. Esperamos nova retração em 2014. Há um processo silencioso de desindustrialização no Brasil. As empresas estão virando importadoras e maquiladoras. O déficit comercial do setor de máquinas chegou a US$ 20 bi em 2013.
Pastoriza é cético em relação ao baixo desemprego. Acha que o país tem gerado muitas vagas de baixa qualificação, e isso explica porque há tanta gente trabalhando e ainda assim o PIB continua fraco.
— Não temos criado vagas em setores importantes, que têm efeito multiplicador e geram valor agregado para a economia. São milhares de empregos em call centers, por exemplo, setores ligados a serviços que exigem baixa capacitação — disse.
De qualquer maneira, o número forte de empregados mantém o comércio aquecido e isso favorece empresas ligadas ao consumo. O que realmente tem incomodado o empresário, de qualquer segmento, é a inflação alta e o aumento dos juros. Ainda assim, tendo que escolher, os empresários ouvidos acham que é melhor subir os juros para combater a alta dos preços.
— Sempre vamos reclamar da Selic, que encarece o custo do capital. Mas, com a inflação crescendo, não há outro jeito. O ideal seria subir juros, no curto prazo, e fazer reformas e cortar gastos públicos. Com inflação de 6%, 7%, há aumento de salário que chega a 10%. A produtividade não acompanha — disse Rotenberg.
Sem saber o que havia dito Rotenberg, a resposta de João Carlos Brega foi semelhante:
— A inflação preocupa, principalmente a indexada, que está mais ligada aos salários, como o mínimo. Aumento de produtividade de 7% em um ano não existe, e há salários crescendo nessa magnitude — afirmou.
O dólar alto, como já dissemos aqui, tem sempre duas faces. Se ele ajuda as empresas ligadas à Abimaq, fazem mal à Positivo e a Whirlpool, que trabalham com componentes eletrônicos de preços internacionais, mesmo se foram fabricados no Brasil.
Retratinho do Brasil no FMI - VINICIUS TORRES FREIRE
Fundo faz alerta de riscos para 'países emergentes' em 2014; carapuça cabe bem no Brasil
NA REVISÃO das estimativas do FMI para a economia mundial, publicada ontem, há uma espécie de retratinho do Brasil. As perspectivas para 2014 estão ainda melhores para a média do mundo inteiro, mas não para o Brasil. Para piorar, vários dos trechos do pequeno relatório encaixam como uma carapuça puída na nossa cabeça.
Dado o histórico de erros, quando não perversidades, a gente tende a ler os textos do FMI com o pé atrás. Mas, sob o excelente e ponderado Olivier Blanchard (economista-chefe do Fundo), pode-se economizar nos grãos de sal.
De mais interessante, há o alerta de riscos para "economias emergentes". Em geral, os alertas não estão associados explicitamente ao Brasil. Porém, o retrato falado parece nos descrever. De resto, no caso do Brasil a revisão da estimativa de crescimento foi para baixo.
"Muitas outras economias emergentes e em desenvolvimento começaram a se beneficiar de uma demanda externa mais forte em economias avançadas e na China [que passaram a consumir e importar mais]", escreve o pessoal do FMI, não pensando no Brasil. Em muitas economias, porém, "incertezas de política [econômica]" e "gargalos" prejudicam os investimentos --como aqui.
Até agora, segundo o FMI, as reações à mudança da política monetária dos Estados Unidos, que começou em dezembro, foram pequenas. Mas realocação de investimentos financeiros e saídas de capital provavelmente devem ocorrer como resultado do fim do despejo de dinheiro do banco central (Fed) na economia americana. Isto é, o dinheiro deve migrar de "emergentes" para os EUA.
"Quando combinada com fraquezas domésticas, as consequências [da mudança nos EUA] podem ser saídas agudas de capital e ajustes da taxa de câmbio ("fuga" de dólares e desvalorização do real, como já temos visto)."
Não se trata de novidade que a banca mundial tem colocado o Brasil no grupo de meia dúzia de países mais sujeito a tais problemas.
Quais são essas "fraquezas domésticas"? Governos que suscitam dúvidas sobre sua capacidade de controlar suas dívidas (que têm déficits demasiados), além de inflação e deficit externos chatinhos.
O Brasil não apresenta números dramáticos nesses quesitos, mas as contas públicas pioraram nos últimos três anos, a inflação é persistente faz quatro e o deficit em conta-corrente cresceu rapidamente por meia década. Economias com tais deficiências "precisam administrar o risco de potenciais reversões do fluxo de capital".
O que fazer, na visão do FMI? Permitir que o real se desvalorize (o que tende a reduzir do deficit externo). Mas desvalorizações aceleram a inflação. O que fazer? Apertar a política macroeconômica (reduzir gastos do governo, elevar a taxa de juros), diz, para não variar, o FMI.
Enfim, isso tudo quer dizer que o Brasil está à beira de enfrentar uma fuga atropelada de dólares? Não. Além do mais, ninguém sabe do ritmo da mudança na política econômica americana, menos ainda da reação que tal mudança vai suscitar.
Ainda assim, mesmo que os EUA não nos causem tumulto maior, o diagnóstico a respeito das fragilidades brasileiras continua valendo. Enfim, no momento, grosso modo não temos alternativa à receita-padrão do Fundo.
Caçadores da credibilidade perdida - ALEXANDRE SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 22/01
Diante do fracasso de sua política, o BC tenta, tardiamente, recuperar a credibilidade perdida
O BC surpreendeu os analistas ao elevar a taxa Selic para 10,50% ao ano na semana passada, enquanto a projeção da maioria (e minha também) era 10,25% ao ano. Só não chegou a ser uma surpresa completa porque os preços prevalecentes às vésperas da reunião do Copom embutiam uma probabilidade grande (mas não a certeza) do aumento de meio ponto percentual.
Com esse resultado, é bastante provável também que a Selic, ao final deste ciclo de aperto monetário, atinja 10,75% ao ano, o mesmo nível observado no início do atual governo, se não ainda um pouco mais elevada (talvez 11% ao ano).
Descontadas as (elevadas) expectativas para a inflação nos próximos 12 meses, a taxa real de juros se encontra ao redor de 4,5% ao ano, bastante superior aos 2% ao ano estabelecidos pela presidente como objetivo para seu governo, mas insuficiente para domar a inflação, que teima em permanecer na casa dos 6% (ou mais).
Precisamente em razão da resistência da inflação se espera que o BC seja forçado a um segundo ciclo de elevação da taxa de juros, devidamente passadas as eleições.
Para um governo que se propôs a fazer o país crescer forte, com inflação na meta e juro de 2%, os resultados observados nos últimos anos (todos sabemos, mas vale repetir: crescimento medíocre, inflação alta e sendo forçado a voltar atrás no seu objetivo de juros) deveriam levar a uma reflexão profunda acerca dos rumos de política econômica. Como não há a menor chance de que isso ocorra, ofereço as minhas ponderações, sem, é claro, nenhuma esperança de que sirvam para o aprendizado dos (ir)responsáveis de plantão.
Conforme alertei quando o BC promoveu o "cavalo de pau" na gestão da política monetária, em agosto de 2011, a redução na marra das taxas de juros nos custou muito. Mesmo com o "apito amigo" (a mudança no cálculo do IPCA, que reduziu o índice em 0,7% em 2012 e, mais recentemente, os contro- les dos preços administrados), a inflação não convergiu à meta. Pelo contrário, a tendência tem sido de aceleração.
Ademais, ao continuar reduzindo taxas de juros com a inflação em alta, o BC conseguiu demolir a credibilidade conquistada em anos anteriores. As expectativas de inflação, que antes se agrupavam ao redor da meta, hoje se situam confortavelmente acima dela, algo como 1,5 ponto percentual em 2014 e 1 ponto percentual no ano que vem. Apenas esse desenvolvimento já forçaria o BC a trabalhar com uma taxa de juros entre 1 e 1,5 ponto percentual a mais do que seria requerido caso tivesse mantido as expectativas sob controle, mas o impacto não se encerra aí.
Ninguém sabe o valor preciso, mas estima-se que, para trazer a inflação de volta à meta (e apenas ao fim de 2015), o BC teria que elevar a Selic para mais de 12% anuais ainda no primeiro semestre deste ano. Em contraste, se tivesse feito seu trabalho quando havia tempo e credibilidade para tal, hoje muito provavelmente poderia manter a Selic abaixo de 10% ao ano com a inflação controlada.
Não o fez por subserviência a um governo voluntarista que acredita dominar todos os botões necessários para controlar o funcionamento da economia, da taxa de juros ao retorno requerido pelos empresários na operação dos seus negócios, passando, é claro, pela taxa de câmbio "Cachinhos de Ouro", nem quente o suficiente para acelerar a inflação nem fria o bastante para desestimular a indústria nacional.
Diante do fracasso retumbante de sua política, o BC tenta, tardiamente, recuperar a credibilidade perdida. No entanto os limites à sua ação ficam claros na própria comunicação aos mercados. Ao sugerir que sua atitude mais dura se limita ao atual momento e evitar um compromisso mais forte com a meta de inflação, o BC revela não dispor da autonomia para fazer o necessário no campo da política monetária.
Da mesma forma que em 2011, tal política ainda há de nos custar caro, mas certas lições parecem nunca ser aprendidas.
Celso Ming-A alta da maré
Roberto Damatta - Um comentário e dois fatos (final)
segunda-feira, janeiro 20, 2014
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
Para mostrar prestígio em Brasília, anualmente senadores e deputados trombeteiam a destinação de emendas ao Orçamento da União para sua base eleitoral, dinheiro “carimbado” para obras de pequeno vulto, como escola, ponte, uma pequena estrada, desde que não ultrapasse o limite de R$ 15 milhões. Mas é tudo jogo de cena: a maioria das emendas jamais é executada, como cheque pré-datado sem cobertura.
Merreca.
Aliado?
Zero.
Enganação.
‘PEC do FBI’ divide agentes e delegados da PF
A Câmara analisa proposta de emenda criando a carreira única para a Polícia Federal. A proposta é chamada pelos agentes federais de “PEC do FBI”, porque tornaria a PF parecida com a norte-americana. Já os delegados da PF batizaram a proposta de “PEC do Trem da Alegria”, porque abre caminho para agentes virarem delegados federais sem se submeter a concurso público específico para ingresso na carreira.
Nove cargos.
Sabonete.
Topo do ranking.
Dois coelhos.
Haja cargo.
Viva o roquefort.
Milagre, não.
Assunto de jerico.
Novo líder.
Convivência.
Assédio.
Pensando bem...
O PODER SEM PUDOR
Tancredo e as namoradas
Tancredo Neves articulava apoio à sua candidatura presidencial, em agosto de 1983, e saía do seu escritório com Ulysses Guimarães para um encontro secreto na casa do importante político, na QL 8 do Lago Sul. Tancredo brincou com a curiosidade dos jornalistas:
- Arranjamos umas namoradas e vamos encontrá-las secretamente...
- Aonde? – perguntou uma repórter.
- Na QL 8 do Lago Sul, ora – respondeu, para espanto do dr. Ulysses.
Ninguém acreditou e eles seguiram para a reunião. Na QL 8 do Lago Sul.
Truques & riscos - AÉCIO NEVES
O conhecido "jeitinho brasileiro" ameaça ganhar status de política de Estado, tal a frequência com que tem sido usado como estratégia de repaginação dos indicadores macroeconômicos. Os exemplos vão se acumulando, dia a dia.
Para calcular a inflação, nada melhor que contar com o controle político sobre preços administrados em setores estratégicos. E por que não atrasar a transferência de R$ 7 bilhões a Estados e municípios, inclusive recursos voltados para a saúde pública, prejudicando milhões de brasileiros, para dar a impressão de que cumpriu-se o superavit primário?
A inventividade do governo parece não ter limites.
É preciso reconhecer a habilidade dos truques contábeis e o uso de artifícios para melhorar a performance das contas públicas. Se há brechas legais, parece que a ordem é aproveitá-las.
Neste campo instalou-se um autêntico vale-tudo, como a estarrecedora operação da Caixa Econômica Federal, ainda sob grave suspeição, na transferência de recursos de contas de caderneta de poupança pretensamente inativas para engordar o seu balanço. É a velha tática: "se colar, colou"...
O resultado da economia brasileira certamente seria melhor se o esforço gasto em maquiar números fosse efetivamente aplicado no aperfeiçoamento da gestão. Instituições que guardam histórico compromisso com o rigor, a transparência e o profissionalismo, como o Banco Central, estão cada vez mais isoladas diante do descontrole fiscal generalizado e, não por acaso, patinam na implementação do ajuste necessário para amenizar o ambiente inflacionário.
"Estamos no limiar de um novo ciclo econômico do Brasil", disse o ministro da Fazenda, para justificar o injustificável. A verdade é que, infelizmente, o Brasil está perdendo oportunidades preciosas de ativar o seu crescimento, como a Copa, pródiga em promessas de realizações e pífia em resultados, até o momento.
Os investimentos em infraestrutura são praticamente inexistentes, em face ao que foi prometido. Em termos de desempenho, o que temos a mostrar à comunidade internacional, para nossa vergonha, é o segundo pior crescimento na América do Sul, atrás apenas da Venezuela.
A desconfiança generalizada da sociedade não é uma peça ficcional criada pelos críticos do governo, mas o resultado de uma gestão ineficaz, pouco transparente e incapaz de reintegrar o país a uma rota de desenvolvimento e de ampliação das conquistas sociais.
É urgente agir, com coragem e responsabilidade, para não permitir que o país retroceda e coloque em risco as conquistas que nos trouxeram até aqui.
Uma das principais, a credibilidade, nem mesmo o "jeitinho brasileiro" foi capaz de assegurar. Esta, infelizmente, já perdemos.
Atrás das grades - PAULO BROSSARD
Graças ao avanço das comunicações e a conivência de autoridades, os criminosos dirigem as ações de dentro do presídio para serem executadas fora dele.
A administração nas penitenciárias passa a ser feita por facções de criminosos que concorrem com o Estado, e o resultado não é difícil de antever.
Hoje, o problema não é simples nem fácil. A população carcerária não é do melhor perfil e pode ser do menos bom, do mesmo modo que o elemento externo nem sempre estará qualificado a exercer as necessárias atribuições específicas que lhe cabem; as qualidades do servidor comum não são bastantes a quem deve servir nos setores penitenciários. Nem são ideais as relações que, por vezes, senão muitas vezes, se estabelecem entre os presidiários e seus guardas. Enfim, não é necessário ser especialista para intuir que as qualificações dos servidores lotados no serviço de carceragem não poderiam ser vulgares. Se as relações entre o preso e o que deve guardá-lo são complexas, o problema se centuplica consideradas as condições dos presídios. De maneira geral, são deficientes em todos os sentidos, o primeiro deles, visível a olho nu, decorre da habitual superpopulação carcerária.
Suponha-se que o melhor hotel da cidade, com a capacidade para receber 300 hóspedes, tivesse de acomodar 600 ou 900. É evidente que o melhor hotel instantaneamente se converteria no pior. Mutatis mutandis é o que vem ocorrendo com os presídios. A antiga Casa de Correção de Porto Alegre foi disso exemplo ilustrativo. Claro que o problema não é insolúvel, contudo, a primeira dificuldade está na carência de recursos financeiros e na existência do número de necessidades a satisfazer. É natural que o administrador seja levado a deixar para depois a construção de um presídio que, embora necessário, não se compara com outras obras, mais palatáveis ao gosto popular. O fato é que, de um modo geral, em todos os Estados os presídios foram ficando para melhor oportunidade, agravando-se a deficiente quando não a má qualidade dos seus serviços.
Não faz muito, um titular do Ministério da Justiça determinou fosse apurado, Estado por Estado, quando fora construída a última cadeia e o resultado foi penoso, razão porque o ministro, com apoio do seu presidente, se dirigiu a todos os governadores propondo-lhes construir uma cadeia no seu Estado. O plano foi cumprido à risca, um em cada Estado. Era o mínimo e deveria ser o começo, mas o ministro deixou de ser ministro e não houve a esperada continuidade. Essas e outras dificuldades são conhecidas, mas verificar que em alguns Estados os detentos estão amontoados é indefensável e imperdoável. Ora, isto não pode continuar.
Eis senão quando um fato veio acrescentar elemento novo ao pungente quadro conhecido; entidade veio a constituir-se aglutinando dois tipos, os condenados e por isso detentos e os que se encontram fora do presídio, porque não condenados; aqueles planejam o empreendimento e estes em liberdade são os executores dos planos traçados; não demorou que um segundo grupo decidiu instalar-se na mesma área e entrou a disputar com o anterior a primazia de sua exploração, resultando feroz concorrência entre ambos e têm sido divulgadas notícias de eliminação por parte de um ou outro, até mediante degola. É inacreditável.
A triste verificação é esta: a população vivendo em casas gradeadas, o crime ditando ordens de dentro dos presídios, a segurança ausente, enfim no século 21 é forçoso reconhecer: todos estamos atrás das grades.
O governo Dilma e os mercados - LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS
Um analista de economia precisa ter uma combinação pouco comum de dons. Precisa ter conhecimento profundo de vários domínios e combinar talentos que não se encontram em um mesmo homem com frequência. Precisa entender de matemática, história, pensar como homem de Estado e ser filósofo em certa medida. Precisa compreender os símbolos e se exprimir por palavras. Precisa pensar no particular, mas nos termos do geral e abordar o abstrato e o concreto dentro do mesmo processo de pensar. Deve estudar o presente à luz do passado e com vista para o futuro. Nada na natureza do homem ou de suas instituições pode escapar de sua atenção. Ele precisa ser ao mesmo tempo resoluto e desinteressado; ele deve ser distante e incorruptível como um artista e, ao mesmo tempo, algumas vezes tão terra a terra como um político. John Maynard Keynes, 1930
O texto acima foi escrito há 84 anos e faz parte de um pequeno livro editado recentemente na França. Lido na fria e quase deserta Cidade Luz na primeira semana de um ano novo, ele teve um impacto muito forte em mim. Trouxe uma quase necessidade de voltar a ler alguns dos textos mais importantes deste extraordinário economista que moldou minha forma de pensar as questões econômicas. Mas, voltei bruscamente ao mundo de hoje quando de maneira surpreendente o presidente da República Francesa - François Hollande - fez declarações públicas comunicando que iria mudar de forma estrutural sua política econômica. Algo na linha do Choque de Capitalismo do governador Mario Covas e que lançado de maneira inesperada - quando ainda era governador do Estado de São Paulo - causou perplexidade na ala mais à esquerda do PSDB.
A diferença principal entre estes dois momentos é, entretanto, muito grande e, na linha do que escreveu Keynes nos anos 30, precisa ser devidamente qualificada. O Partido Socialista Francês é uma das referências da esquerda democrática por sua história de lutas e pela rigidez de sua ideologia econômica. Para ele o Estado deve ser a grande força condutora da economia, reservando ao setor privado e aos mercados um papel subsidiário e menor. E o presidente francês fez sua carreira política em um dos grupos mais à esquerda do espectro político do PS francês. Vivendo hoje um momento de muita fragilidade na opinião pública, e convencido de que o caminho trilhado até agora não levará a uma recuperação sustentada da economia, decidiu por uma saída quase revolucionária. Uma repetição clara do chamado cavalo de pau na economia anunciado pelo então todo poderoso chefe da Casa Civil do presidente Lula em 2003.
A diferença principal é que no caso do PT em 2003 havia um modelo alternativo e pronto a ser seguido. François Hollande terá que recuar ainda mais no tempo e buscar na Alemanha de Helmut Schmidt, o chanceler socialista nos anos noventa do século anterior, uma fonte de inspiração. Mas o maior obstáculo que o presidente francês encontrará serão as diferenças históricas entre seu povo francês e o alemão. Lula, no Brasil de 11 anos atrás, lidava com o mesmo povo.
Mas não quero aqui tratar das questões francesas e alemãs. Temos no nosso Brasil desafios suficientes para que eu gaste este meu espaço para refletir sobre os problemas de outras sociedades. As palavras de Keynes na abertura desta coluna - o analista precisa pensar no particular mas nos termos do geral - abrem, no meu entender, o caminho para trazer ao leitor algumas reflexões para o futuro usando o cavalo de pau francês como referência. A questão de fundo sobre a qual devemos refletir é qual deve ser o equilíbrio entre Estado e mercados em uma sociedade como a brasileira neste início de século.
Qual a função de um e do outro? Quais os limites de intervenção do Estado na economia e como organizar a liberdade dos mercados para que funcionem com eficiência sem excessiva concentração de renda? Quais são os exemplos exitosos nos quais devemos nos inspirar? Na Alemanha dos sindicatos poderosos ou nos Estados Unidos da liberdade total dos contratos de trabalho privados? A China, de um comunismo hoje apenas virtual e em desmonte acelerado, pode ou não trazer algum ensinamento a nós brasileiros? E os anos Lula de Meirelles vis a vis o governo bem mais centrado na intervenção do Estado da presidente Dilma, pode ele nos ensinar alguma coisa? Vale a pena o governo fazer luta de classes na sua relação com o mercado como vêm pregando alguns membros mais radicais do PT?
Estas são questões que trouxe na minha bagagem de analista das coisas da economia e que pretendo desenvolver este ano. Afinal, se ocorrer a reeleição da presidente Dilma para mais um mandato de quatro anos, não está claro qual caminho dos citados acima ela vai trilhar. As hipóteses são duas: tomar o exemplo francês como referência e refazer o equilíbrio dos anos Lula ou manter os conflitos que hoje separam a política econômica do Palácio do Planalto dos mercados.
Apenas uma última palavra aos leitores, principalmente aos mais agitados com o estado atual da economia brasileira: leiam com profundidade o relatório de 33 páginas da agência de rating Fitch sobre a economia brasileira e que manteve inalterado o rating BBB da dívida externa.
Gélidas lembranças - FERREIRA GULLAR
Quem está com a razão, os que dizem que o planeta está esquentando ou os que dizem que está esfriando?
Eu, que nasci numa cidade tropical, que ali me criei a uma temperatura média de 27 a 30 graus Celsius --isso nos períodos mais amenos--, não é que um dia me encontrei na cidade de Moscou enfrentando uma temperatura de dez graus abaixo de zero? Avalia só como me sentia ali eu que, no inverno carioca, se o frio chegasse a 16 graus, pensava que ia virar picolé. É nisso que dá se meter em política.
Confesso que quase pensei isso, quando me vi metido em ceroulas de lã, calças, suéter, cachecol, paletó e capote, que pesavam muitos quilos. Isso sem falar na "chapka" --aquela touca de lã que desabotoa e protege o rosto quando o vento frio se torna insuportável. E os lábios? Se você os deixar expostos, racham.
Lembrei disso na semana passada, quando vi na televisão as cidades norte-americanas soterradas sob a neve. A televisão mostrou cidadãos apreensivos, temendo que a temperatura baixasse ainda mais. Já estava, em alguns lugares, por volta de 50 graus abaixo de zero. É temperatura da Sibéria, pensei comigo.
Enquanto isso, no Brasil, estávamos sobrevivendo a uma sensação térmica de 50 graus acima de zero. É impossível não perguntar o que ocorre com o nosso planeta. No final das contas, quem está com a razão, os que dizem que o planeta está esquentando ou os que dizem que ele está esfriando? Quero achar que está esfriando, mas, tendo que tomar um banho a cada meia hora, fica difícil acreditar nisso. A verdade é que nesse assunto particular nem os cientistas se entendem.
Querendo ou não, a memória insistia em me levar para Moscou, onde, naquele ano de 1970, o inverno chegava. Minha preocupação diminuiu quando o chefe de nosso coletivo informou que íamos receber roupas especiais para enfrentar o frio do inverno russo.
Mas minha tranquilidade durou pouco. Antes de dormir, imaginava o futuro que me esperava naquela cidade que nada tinha a ver com minha origem tropical.
Quando o inverno chegou para valer, encontrou-me metido nas ceroulas de lã, na camiseta de lã, nas calças de lã, no suéter, no paletó, no capote grosso e pesado, tão pesado que, se tivesse que andar mais de uma quadra, morreria de cansaço. De qualquer modo, antes cansado do que morto.
A sorte é que passava o dia todo na escola do partido, escutando a lição dos professores ou conversando com os companheiros na lanchonete. A última coisa que eu queria era sair à rua, a não ser quando as aulas terminavam e era já noite, porque, no inverno, ali, anoitece às três da tarde.
No percurso da escola à "abchejite" (uma espécie de pensão de estudantes), se estivesse ventando então, era barra pesada. Meu nariz esfriava tanto que tinha a impressão de que, se desse um peteleco nele, quebrava, caía no chão. Claro que um comunista está no mundo para o que der e vier, razão pela qual evitava formular a pergunta que de vez em quando assomava à mente: que diabo vim eu fazer nesta cidade gelada? Só parei de perguntar quando conheci uma russa de olhos azul-violeta, linda como um sonho, e que só nasce em cidades geladas como Moscou.
Pois bem, e não é que inventaram de nos levar a um passeio em Leningrado, ainda mais frio que Moscou?
Ali topamos com uma temperatura de 30 graus abaixo de zero, o que nos foi anunciado quando o trem se aproximava da cidade, ao amanhecer. À noite, iríamos ao teatro Bolshoi para assistir ao balé famoso no mundo inteiro.
Ao sairmos do hotel, fomos advertidos de que não devíamos fumar na rua. Estranhei, mas a tradutora explicou: "Com 39 graus abaixo de zero, se você puxa o ar frio pela boca, ganha uma pneumonia". Apaguei o cigarro.
Mas ao chegarmos ao teatro, não havia onde estacionar, tivemos que sair do carro e correr uns 50 metros até a entrada, o suficiente para nos congelarmos. Quando entrei no hall, meu paletó parecia uma placa de gelo; se batesse nele, partiria em pedaços, escrevo eu, agora, no Rio de Janeiro, suando em bicas.
sábado, janeiro 18, 2014
Breve, uma temporada de reprises - ALBERTO DINES
Nossa democracia, com apenas 29 anos, terá o privilégio nas próximas semanas de reencontrar-se com dois de seus marcos históricos: o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, iniciado em 31 de março de 1964, e o formidável movimento popular para restabelecer a normalidade política, o “Diretas Já”, lançado em janeiro de 1984 e cuja apoteose deu-se em 16 de abril, no comício do Vale do Anhangabaú, São Paulo, considerado o maior de nossa história, com a participação de quase 2 milhões de manifestantes.
As duas penosas décadas desfilarão praticamente juntas, recapituladas e compactadas num oportuníssimo showroom político entre o fim de março e meados de abril. Serão possivelmente atualizadas com passeatas, “rolezinhos”, “rolezões” e outras modas e manias atiçadas pelas insatisfações e o início da controversa Copa do Mundo em junho-julho.
Estudada, debatida, exercitada, testada, a democracia é obra em construção – aberta, incompleta, interminável, imperfeita, porém a melhor já inventada para regular as relações entre cidadãos.
Enquanto não chega a temporada de releituras e revisões, devemos examinar com atenção e cautela os desdobramentos da agenda política com o olhar e a disposição de estudantes em aulas práticas. Tudo à nossa volta tem a ver com a proteção e/ou o aperfeiçoamento do processo democrático. Somos todos herdeiros de Alexis de Tocqueville (1805-1859), jurista e sociólogo francês deslumbrado com o cotidiano do processo democrático na América do Norte.
Nosso noticiário cotidiano converteu-se numa espécie de guia prático de um transcendental tratado sobre democracia. A decisão do TSE de impedir o Ministério Público de investigar infrações eleitorais, o esforço de partidos para manter doações de empresas para o financiamento de candidaturas, a formação de coligações com o único fim de aumentar o tempo de exposição na tevê, o esforço para acabar com o voto obrigatório, a incontrolável multiplicação de partidos, a resistência de repartições públicas em adotar o estatuto da transparência informativa e a desobediência de magistrados às decisões do CNJ são alguns dos tópicos de uma extensa pauta de inspiração autoritária que corre impunemente nas cortes, legislativos, antessalas, gabinetes e corredores de governantes sem que soem os indispensáveis alarmes.
A crença de que a continuidade do calendário eleitoral e a posse dos eleitos são suficientes para garantir o pedigree democrático do Estado produz equívocos trágicos: a Rússia parece uma democracia – é uma caricatura –, o recente plebiscito egípcio sugere uma legítima consulta popular – é uma farsa. A oligarquia Sarney já dura 48 anos: tem 19 anos mais que a nossa democracia e os seus mecanismos de alternância no poder. O golpe preventivo aplicado pelo general Henrique Lott em novembro de 1955 garantiu a posse de JK, mas abriu caminho para quarteladas “bem intencionadas”.
O Estado de Direito, intangível, intocável, não pode conviver com transgressões, mesmo microscópicas, ou inofensivas ambiguidades. Logo descobriremos os porquês.
CLAUDIO HUMBERTO
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
Ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) sobre a arruaça juvenil em shoppings
OPOSIÇÃO VAI DENUNCIAR PRESÍDIO-AÇOUGUE À OIT
Opositor da oligarquia da família Sarney no Maranhão, o Solidariedade elabora dossiê para denunciar à Organização Internacional do Trabalho (OIT) as precárias condições de trabalho de funcionários no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, onde presos foram decapitados em motim no fim do ano. Segundo advogado Rodrigo Lago, há denúncias de que cerca de 80% do quadro são terceirizados e ganham ínfimos R$ 900 por mês.
VIDA EM RISCO
Lago explica que, além da falta de proteção do Estado, os terceirizados não fizeram treinamento para lidar com bandidos de alta periculosidade.
MAU CHEIRO
O documento deverá denunciar ainda a insalubridade do presídio, onde policiais militares tiveram de cobrir o nariz para aguentar o mau cheiro.
SEM CHANCE
Para o presidente Simplício Araújo (SDD-MA), se Roseana Sarney não terminou hospitais em três anos, imagina construir presídio em 60 dias.
FAZENDA DOS BICHOS
Enquanto José Genoino finge pobreza e faz “vaquinha” para pagar multa judicial, Henrique Pizzolato alimenta “bezerro de ouro” na Suíça.
SECRETÁRIO SE INSINUA ‘ESCOLHIDO’ E IRRITA CAMPOS
O governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) interveio irritado, quinta (16), para impedir uma crise na sua equipe, após o secretário de Governo, Tadeu Alencar, “vazar” que havia sido escolhido candidato à sucessão do chefe. Pelo menos outros dois pretendentes querem apoio de Campos para governador. Do tipo que se dá excessiva importância, Alencar é conhecido pela arrogância com subordinados e até aliados.
NOMES FORTES
Mais três do PSB querem o governo de PE: o vice João Lira, ex-ministro Fernando Bezerra e Paulo Câmara, secretário da Fazenda.
VIABILIZANDO-SE
Como secretário de Governo, Tadeu Alencar cuida da agenda política de Eduardo Campos, mas desde 2013 criou sua própria agenda.
CORTE & COSTURA
Parentes de Eduardo Campos como a mãe, ministra Ana Arraes (TCU), têm simpatia pela candidatura de Tadeu Alencar.
ESCONDENDO O JOGO
Ex-dirigente do PT, ex-diretor do Banco do Brasil no governo Lula e figura central na ladroagem do mensalão, Henrique Pizzolatto fugiu do Brasil dizendo-se “injustiçado”. Mas com 2 milhões de euros na Suíça.
AÍ TEM COISA
O PSB estranhou a coincidência entre o anúncio do prefeito Márcio Lacerda de que não disputará governo de Minas e a visita de Dilma a Belo Horizonte, ontem, liberando verbas para mobilidade urbana.
SUPERAVIT CRUEL
Além da suspeita de encerrar poupanças da Caixa para fazer um lucro maroto, depois distribuído a funcionários, o governo pode ter cortado até verbas do SUS para fabricar superavit primário de R$ 75 bilhões.
BOLICHE DA POLÍTICA
No PMDB, lideranças dizem que Dilma fez um strike: derrubou de uma vez só o apoio de Vital do Rêgo (PB), descartado para o comando da Integração, e o de Eunício Oliveira (CE), ao prestigiar irmãos Gomes.
DORMINDO COM INIMIGO
O deputado Augusto Coutinho deverá convidar o presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG) para o primeiro encontro regional do Solidariedade, marcado para 21 de fevereiro na terra de Eduardo Campos (PSB).
FISGANDO PELO ESTÔMAGO
Adversários na briga pela liderança do PMDB ano passado, Eduardo Cunha (RJ) sondou Sandro Mabel (GO) sobre assumir o Ministério da Agricultura, já que seu plano é disputar Prefeitura de Goiânia em 2016.
BRIGA INTESTINAL
O fotógrafo oficial da Presidência, Roberto Stuckert Filho, anda às turras com os seguranças. Chegaram a negar-lhe carona no comboio oficial após evento com Dilma. Ele acabou tendo de pegar um táxi.
NEM PISARÁ LÁ
O PMDB aposta que a presidente Dilma vai optar pela neutralidade nas eleições em MS, onde governador André Puccinelli (PMDB) enfrentará Delcídio Amaral (PT), isolado no PT após presidir a CPI do Mensalão.
BANCO DE TALENTOS
Contratado para a assessoria da CUT, o mensaleiro-presidiário Delúbio Soares seria melhor aproveitado na contabilidade criativa da entidade.
PODER SEM PUDOR
UMA LINDA PRINCESA
Nos início dos anos 80, a Áustria doou os restos mortais da princesa Tereza Cristina ao Museu do Ipiranga. Chegada triunfal: banda de música, guarda de honra etc. No alto da escada do avião, surgiu Emanuel Masserani, assessor do deputado monarquista Cunha Bueno. Ele desceu devagar, com o cuidado de mordomo: nas mãos, a pequena urna dos restos da princesa. Ao pé da escada, Paulo Maluf, governador, achou aquilo tudo meio ridículo:
- Ô, Masserani, como vai a nossa princesa? - perguntou, irônico.
Ele abriu um sorriso, revirou os olhos para o alto e respondeu, extasiado:
- Linda, senhor governador, lin-da!