Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Miriam Leitão Evo está com a faca e o queijo.

Companheiro Evo Morales chegará ao Brasil com a faca e o queijo na mão. Para entender melhor, vamos por partes.

Ele diz que quer que o Brasil pague o mesmo que a Argentina e que a Bolívia está subvencionando o Brasil. Não é bem assim, mas parece. O Brasil é que construiu o gasoduto, investiu, achou as reservas e fez um contrato anos atrás super favorável a eles. Era o take-or-pay, ou seja, o Brasil tinha que pagar pelo volume total, ainda que não consumisse. Durante muitos anos, pagou mais que levou. Só agora é que está trazendo os 30 milhões de metros cúbicos/dia. O preço pago pelo Brasil tem uma regra: muda de três em três meses de acordo com uma média dos preços de uma cesta de óleos. No ano passado subiu muito, mas, este ano, o petróleo caiu, o preço baixou.

A Argentina, naquela época, tinha mais gás que consumo e também fornecia gás para o Brasil. De lá para cá, suas reservas caíram, ela parou de exportar e passou a importar. O país cresceu, o consumo aumentou, e eles fizeram um contrato com a Bolívia de fornecimento de gás cada vez maior. Este ano, teriam que ser 7 milhões de metros cúbicos e, em 2016, seriam 28 milhões de metros cúbicos, conta o especialista no assunto Adriano Pires.

Não se está conseguindo atender à demanda porque, depois das quebras de contrato, está havendo uma falta de confiança das grandes companhias de investir lá para garantir esse fornecimento. Isso é um problema da Bolívia.

Bom, mas aí vem a faca e o queijo. Neste momento, Brasil e Argentina querem o gás da Bolívia. Somados, os dois países querem mais gás do que ela tem para oferecer. O que ele faz? Quer aumento de preço. Já esqueceu evidentemente os longos anos em que o Brasil pagou muito mais que levou, já se esqueceu do período em que o Brasil pagou mais que a Argentina. Agora, usará essa diferença a favor do Brasil para cobrar a conta.

E como a Bolívia pode complicar as hidrelétricas do Rio Madeira, porque as águas vêm de lá, do Mamoré, pede de quebra uma hidrelétrica binacional.

Arquivo do blog