Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, setembro 05, 2005

FERNANDO RODRIGUES Menos pior


FOLHA DE S PAULO
BRASÍLIA -
As CPIs salvaram nomes como Eduardo Azeredo e Ronivon Santiago. A lista com 18 cassáveis tende a ser o teto das punições. Há buracos no processo investigatório. Muitos culpados vão escapar.
Feita a ressalva, é também necessário reconhecer que o Congresso sempre fica um pouco menos pior depois de um processo como o atual. Erra quem identifica no Poder Legislativo o mais corrupto e desqualificado. É apenas o mais aberto à fiscalização da mídia e da sociedade.
O trabalho feito até agora na CPI dos Correios, a mais avançada, é meritório por ter conseguido incluir nomes grandes na lista dos 18 cassáveis. Tiveram papel fundamental nesse processo o presidente e o relator dessa investigação -Delcídio Amaral (PT-MS) e Osmar Serraglio (PMDB-PR), respectivamente. Se puderem avançar fundo na origem do dinheiro, será algo inédito na história.
Há também os subprodutos indiretos das CPIs, que tornarão a política do país como um todo menos pior.
Primeiro, a aversão aos três principais partidos fisiológicos de tamanho médio dentro do Congresso: PL, PTB e PP. São anomalias. Por causa do escândalo do "mensalão", dificilmente terão os 5% dos votos para deputado federal que a lei exige no país inteiro em 2006. Ficarão com a atuação restrita, do tamanho que merecem.
O outro efeito colateral positivo da crise é a criação desse grupo de aproximadamente 50 congressistas, com Fernando Gabeira (PV-RJ) entre os seus líderes, apontando o dedo para onde se deve apontar. É certo que vão pressionar por uma apuração de verdade sobre a acusação do fim de semana -o tal "mensalinho" de R$ 10 mil espetado agora na conta de Severino Cavalcanti (PP-PE).
Tudo somado, a faxina no Congresso não será completa, as CPIs ficarão (como sempre) devendo um pouco mais de rigor, mas o Poder Legislativo e a política brasileira sairão dessa um pouco menos pior.

Arquivo do blog