Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, setembro 05, 2005

EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO SEVERINO SOB ATAQUE




 Vai-se complicando a situação do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), acusado de receber mesada de R$ 10 mil para favorecer a empresa que administra o restaurante da Casa. A história teria sido registrada em anotações pelo próprio dono da firma, que relata em detalhes como fazia os pagamentos.
A denúncia, cuja proporção parece adequada à estatura política do deputado, o colheu num momento crítico. Pouco antes, em entrevista à Folha, Severino havia despertado fortes reações por considerar que não existiu o esquema do "mensalão" e defender penas brandas para os envolvidos no uso eleitoral de recursos de caixa dois. Interpretada como um sinal de que estaria em curso um acordo acomodatício para conter as punições aos envolvidos, a entrevista gerou críticas de oposicionistas e levou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) a uma reprimenda exemplar, formulada em plenário, na qual sugeriu a deposição de Severino.
Essa hipótese ganhou mais corpo com as declarações do presidente da Câmara acusando o PFL e o PSDB de estarem "por trás"" da denúncia contra ele. A oposição reúne-se hoje para discutir uma linha de atuação.
A favor de Severino, deve-se ressaltar que não foi apresentada nenhuma prova e ele próprio tomou a iniciativa de pedir uma investigação.
A questão, obviamente, encerra uma dimensão política, alimentada pela percepção geral de que o deputado tem feito jus ao epíteto de "rei do baixo do clero". Desde sua eleição, comporta-se como o que realmente é: um político provinciano, fisiológico, oportunista e desprovido dos requisitos básicos para exercer de maneira satisfatória a função para a qual foi escolhido -com o apoio, diga-se, de parte da oposição "responsável" que agora o enfrenta.
Embora pública e notória, a inadequação de Severino não basta para removê-lo do cargo. Um movimento nesse sentido precisaria estar amparado em fatos sólidos e observar com rigor as normas constitucionais, caso contrário não passará de uma tentativa de golpe.

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